quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Dalai Lama e a TV

Dalai Lama, juntamente com Paul Ekman (especialista em expressão das emoções), no livro Consciência Emocional (Editora Prumo, 2008), aborda a questão em torno das mensagens veiculadas pela televisão.

A ideologia propagada, segundo os autores, é no sentido da prosperidade material resolver todos nossos problemas. A riqueza e fama são difundidas como a solução para os males!

Apesar do desenvolvimento econômico-social no último século e da redução da pobreza, restam ainda os problemas de natureza mental e espiritual. Mesmo nos países mais ricos existem grave problemas psíquicos.

Uma outra questão refletida no livro consiste na aprendizagem da compaixão, isto é, focar no "sofrimento alheio, no desejo de ver os outros livres do sofrimento".

Atualmente, com a TV podemos ver o sofrimento no mundo. A toda hora são mostradas cenas trágicas.

Daí os autores questionam: O simples fato de ver o sofrimento dos outros aumentará a compaixão?

Segundo Dalai Lama o fato de ver o sofrimento dos outros cria o sentimento de que a situação é insuportável, eis que somos uma "família de seres humanos, então uma pessoa deve se interessar pelo bem-estar de todas as pessoas da sociedade".

Eles ressaltam que a TV evita mostra cenas de assassinatos reais, as ver pessoas morrendo, vítimas de violência e sangrando deixando-se em situação desconfortável. No entanto, se a violência for exibida sem a apresentação das consequências então poderá ocorrer o incentivo à sua prática.

A partir destas lições fica a reflexão: o que a TV pode contribuir para o ensinamento da compaixão?

Ora, um dos princípios básicos a ser seguido é o da dignidade da pessoa humana.
A partir dele impõe-se o caráter educativo da programação de televisão de modo a não promover a exploração do sofrimento humano, mas a sua apresentação de modo a servir como um aprendizado para a evolução pessoal e do grupo social.

Na prática, as emissoras não devem se limitar a exibir violência, mas apresentá-la dentro do contexto do seu surgimento (identificando as causas) e as possíveis ações para a sua respectiva cessação.

A programação de TV voltada à mera retratação da violência imanente à sociedade brasileira é um caminho baseado no sensacionalismo, explorando o medo de modo a prender a audiência.

Mas do ponto de vista ético o caminho é inaugurar um novo cenário audiovisual equilibrado voltado às verdadeiras necessidades dos cidadãos, de modo a estimular a solidariedade entre os mesmos.

Por exemplo, a cobertura pelas redes de TV das enchentes em Santa Catarina representa um exemplo positivo no sentido de organização dos cidadãos em prol do sofrimento dos catarinenses, mediante ações práticas.

Quem sabe a partir desta lição histórica outros belos exemplos de compaixão possam ser noticiado e objeto de admiração.

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